Colunistas - Paulo Wainberg

Profundidade


"Nas profundezas da alma reina o vácuo."



Última atualização em Seg, 11 de Março de 2013 13:47
 

Em prosa...e verso


Rimas fáceis são perfeitas e mais expressivas.

Se a poesia é para embalar e comover, para que complicar?

Construções excessivas que só fazem pensar, abortam a fantasia, constrangem o cantar.

Poesia é quase música, a sensível arte que arrepia, parte lúdica que a imaginação cria.

A pieguice é bonita, quando bem dita, mas a frase de efeito, com todo o respeito, escrita assim para impressionar, esta é vazia quando bem lida, efeito vazio que no vazio se esvai, cai e ai, se vai.


Gosto de rimas simples e sonoras que não mancham as emoções e, palavra de honra, deflagram nos corações a beleza da tristeza, o inferno das paixões,  a alegria está nas canções que falam de amor, com ou sem dor, lágrimas vertidas, histórias divertidas, aves canoras, flores coloridas, vidas.


Rimas cotidianas rolando nas camas, amantes que se amam desarrumando camas e eu, com exemplar modéstia, me incluo nelas, abro as janelas, respiro ar puro, me sinto seguro e sem moléstia.
Última atualização em Qui, 07 de Março de 2013 15:00
 

Dez frases mortais


1.- Pode entrar, o elevador é velho mas aguenta.

2.- Você revisou os freios?

3.-  Nunca houve um acidente nesta montanha russa.

4.- O revólver está descarregado.

5.-  Não precisa camisinha, você não confia em mim?

6.- Pode votar nele, o cara é honesto.

7.- A gente inaugura e depois vê no que dá.

8.- Pode se jogar, aqui é rasinho.

9.- Faixa de segurança é pra trouxa.

10, – Sim, aceito esta mulher como minha legítima esposa.
Última atualização em Qua, 27 de Fevereiro de 2013 15:19
 

Metafísica esquizóide


Se o mínimo couber no máximo, significa que o máximo ainda não é o máximo. Se o máximo couber no mínimo, significa que o mínimo não é o mínimo. Se um não couber no outro, então o máximo é o mínimo e o mínimo é o máximo.
Quando o menor cabe no maior, o maior ainda não atingiu o máximo. Quando o maior cabe no menor, é porque o menor é maior do que o maior.
Simplificando: Jamais coloque alguma coisa dentro de outra porque você vai atrair um grave problema de geometria espacial que, sinceramente, você não está precisando.
Por outro lado, quando você tira uma coisa de dentro de outra, é porque a coisa tirada estava sobrando lá dentro. Isto representa uma ilusão da ocupação, quem está dentro de uma coisa nem sempre quer sair e quando é retirada, sabe-se lá como se sente, como um bebê recém nascido, perplexo com a nova realidade.
Tirar algo de dentro de algo é criar um buraco, como a alma, por exemplo.
Almas, como se sabe, não são retiradas elas simplesmente saem deixando um buraco no corpo que só outra alma pode preencher.
Por isto não acredito em almas, elas nunca estão disponíveis quando se precisa delas e o resultado é um corpo vazio, tão inútil quanto um copo de café de papelão sem café dentro.
Os copos de papelão para tomar água ou café são legítimos gigolôs de líquido, inúteis na sociedade constituída e conservadora, enquanto não forem enchidos. E, depois, são jogados no lixo, como corpos sem alma, o que nos trás de volta ao início, o mínimo no máximo é improbabilidade concreta e, por isto, a humanidade é tão improvável, sendo que humanidade, no caso, é o copo de papelão vazio.
Estas reflexões servem para mudar a Natureza, como se fosse uma frase de efeito do poeta, isto é, a luz da lua deixa os teus olhos vesgos, já pensou? À luz do sol teus olhos são normais, mas basta cair-lhes um raio de lua e eles ficam vesgos, você pode me explicar isto?
Não, ninguém pode, isto é uma mudança radical da realidade, uma percepção nova dos fatos, uma incongruência da teoria da relatividade ou apenas um efeito especial.
Olhos lindos sobejam na face da Terra e quando não são, quem é que vai dizer? Quem já disse a um vesgo que seus olhos são horríveis. No máximo, e isto é um máximo, apelidam o sujeito de vesguinho, qualificando a identidade do indivíduo pelos seus atributos físicos.
Apelidar um vesgo de vesgo constitui uma espécie de bis in idem, como apelidar um manco de manco ou uma mulher linda de mulher linda.
É para isto que servem as palavras, apenas para repetir aquilo que nossos sentidos já perceberam e que nossa ansiedade exige que repitamos. Você é linda, minha amiga, moi non plus.

Última atualização em Qua, 20 de Fevereiro de 2013 07:39
 

Imerdível

É impossível que Sartre e Simone de Beauvoir tenham se amado até o fim dos tempos. Se assim fosse, Sartre jamais teria escrito A Náusea e Simone jamais teria escrito o Terceiro Sexo. Na minha opinião, amparada nos fatos da vida, um supria as deficiências neuróticas do outro. O que são deficiências neuróticas? São aquelas neuroses que não têm coragem de vir à tona com a totalidade de sua força.

Para Sartre, La Nausée era o tédio absoluto, para Simone o terceiro sexo era a alternativa à Nausée.

Se fôssemos capazes de liberar nossas neuroses integralmente, na vida real, a Literatura seria uma inexistência.

 


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