Metafísica esquizóide


Se o mínimo couber no máximo, significa que o máximo ainda não é o máximo. Se o máximo couber no mínimo, significa que o mínimo não é o mínimo. Se um não couber no outro, então o máximo é o mínimo e o mínimo é o máximo.
Quando o menor cabe no maior, o maior ainda não atingiu o máximo. Quando o maior cabe no menor, é porque o menor é maior do que o maior.
Simplificando: Jamais coloque alguma coisa dentro de outra porque você vai atrair um grave problema de geometria espacial que, sinceramente, você não está precisando.
Por outro lado, quando você tira uma coisa de dentro de outra, é porque a coisa tirada estava sobrando lá dentro. Isto representa uma ilusão da ocupação, quem está dentro de uma coisa nem sempre quer sair e quando é retirada, sabe-se lá como se sente, como um bebê recém nascido, perplexo com a nova realidade.
Tirar algo de dentro de algo é criar um buraco, como a alma, por exemplo.
Almas, como se sabe, não são retiradas elas simplesmente saem deixando um buraco no corpo que só outra alma pode preencher.
Por isto não acredito em almas, elas nunca estão disponíveis quando se precisa delas e o resultado é um corpo vazio, tão inútil quanto um copo de café de papelão sem café dentro.
Os copos de papelão para tomar água ou café são legítimos gigolôs de líquido, inúteis na sociedade constituída e conservadora, enquanto não forem enchidos. E, depois, são jogados no lixo, como corpos sem alma, o que nos trás de volta ao início, o mínimo no máximo é improbabilidade concreta e, por isto, a humanidade é tão improvável, sendo que humanidade, no caso, é o copo de papelão vazio.
Estas reflexões servem para mudar a Natureza, como se fosse uma frase de efeito do poeta, isto é, a luz da lua deixa os teus olhos vesgos, já pensou? À luz do sol teus olhos são normais, mas basta cair-lhes um raio de lua e eles ficam vesgos, você pode me explicar isto?
Não, ninguém pode, isto é uma mudança radical da realidade, uma percepção nova dos fatos, uma incongruência da teoria da relatividade ou apenas um efeito especial.
Olhos lindos sobejam na face da Terra e quando não são, quem é que vai dizer? Quem já disse a um vesgo que seus olhos são horríveis. No máximo, e isto é um máximo, apelidam o sujeito de vesguinho, qualificando a identidade do indivíduo pelos seus atributos físicos.
Apelidar um vesgo de vesgo constitui uma espécie de bis in idem, como apelidar um manco de manco ou uma mulher linda de mulher linda.
É para isto que servem as palavras, apenas para repetir aquilo que nossos sentidos já perceberam e que nossa ansiedade exige que repitamos. Você é linda, minha amiga, moi non plus.

Última atualização em Qua, 20 de Fevereiro de 2013 07:39  
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