Será que estamos preparados para educar nossos filhos?

O que esperar da educação? Quem educa quem? Qual é o papel da escola na educação de uma criança? 
Por Ana Claudia Justino

 

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Você já assistiu ao filme “Como as estrelas no céu - Toda Criança é Especial”? O filme é de 2007 e conta a história de um menino de nove anos chamado Ishaan Awasthi, ele sofre de dislexia, estuda em uma escola normal e repetiu uma vez o terceiro período e está correndo o risco de isso acontecer de novo. A boa sorte deste menino é que ele encontra pelo caminho um professor precioso.

 

 

Assistindo a este trecho do filme, percebi a importância de se falar sobre o valor da educação quando se é “diferente” quando deveria ser normal. Atualmente vivemos em meio à imposição de uma sociedade (eu, você, todos) onde temos de ser um Ser ao extremo tanto para o negativo como para o positivo.

 

Questões relevantes como o autoconhecimento não são praticados em casa com as crianças, criando um adulto inseguro com relação aos seus desejos e objetivos. Supervalorizando o seu íntimo e irritadiço ao ser contrariado.

 

 

Analisar esta questão a partir de um olhar docente talvez possa esclarecer melhor a importância do meio escolar para o crescimento de qualquer indivíduo, mas também ressaltar sobre os deveres que o ambiente familiar pode beneficiar em uma melhor aceitação na sociedade, não no sentido de realização profissional, mas com relação a chegar à vida adulta sabendo quem realmente é.

 

 

 A grosso modo é elevar a expectativa de que unindo os ambientes escolar e familiar podemos sim ter próximo a nós a ideia de uma sociedade ideal.

 

 

Sendo assim, enviei algumas perguntas para a mestra em educação, especialista em metodologia e tradução da língua inglesa, psicopedagogia, educação especial, entre outros títulos educacionais, Ana Regina Braga, para esclarecer alguns pontos sobre as relações da tríade educacional – escola – responsáveis – alunos.

 

AC - Qual é o maior desafio do professor em tempos onde a tecnologia dá a ideia de que a inteligência, ou melhor, o conhecimento está mais próximo de todos?

 

AR-A tecnologia chegou com o objetivo de aproximar as pessoas das informações que a cercam cotidianamente por meio de sites, blogs, artigos e demais referências. No entanto, os recursos tecnológicos não substituem ou deixam de pontuar o espaço do professor, o qual deve continuar sua atuação como mediador da aprendizagem dos seus alunos.

O professor precisa acompanhar a necessidade e evolução dos aprendizes, de acordo com suas faixas etárias e nessa perspectiva rever sua postura e planejamento em sala de aula, bem como os recursos utilizados, pois a tecnologia é uma ferramenta atualmente importante e parte do cotidiano do ser humano, pois é relevante considerar a velocidade de como o acesso as informações são feitas.

Contudo, vale ressaltar que a informação adquirida pelas pessoas com o auxilio da tecnologia nem sempre torna-se aquisição do conhecimento, e para isso precisam do professor para realizar esse caminho até a compreensão do que está sendo visto/estudado e assim aprofundar até torna-se uma aprendizagem de fato significativa.

 

AC - Qual seria o ideal de uma escola? Seria a atenção aos professores, tirando-os da condição solitária de engajamento no ensino, ou atenção aos alunos fazendo-os entender que o espaço da escola é o ambiente para o desenvolvimento educacional mais precioso?

 

 

AR -O trabalho da escola tem sido pautado cada vez mais na aproximação e parceria com os pais/responsáveis e da mesma maneira com os alunos para que esta tríade (escola – responsáveis – alunos) esteja atenta aos conteúdos desenvolvidos e assim tenham a possibilidade de dialogar sobre eles em casa, na escola, na comunidade e sociedade, pois dessa forma a aprendizagem acontecerá não somente nos muros escolares como também oportunizam os alunos de vivenciarem o que têm visto em sala de aula na sua vida cotidiana e assim preparamos seres humanos que possam pensar, sentir e interagir com o meio em que vivem sendo reflexivos e autônomos perante suas atitudes e escolhas.

 

AC - A deficiência ainda é uma barreira educacional? Existe investimento docente para identificar mais rápido certas deficiências dos alunos?

 

AR - O Sistema Educacional tem passado por um momento de constante elaboração e reelaboração no sentido de promover adequações diárias para atender as necessidades que surgem por parte dos alunos, inclusive com as legislações e decretos existentes, os quais amparam os aprendizes com dificuldade, transtorno ou deficiência.

De acordo com essa perspectiva é possível contribuir de maneira objetiva, ou seja, as escolas conhecem as barreiras a serem enfrentadas no início do ano letivo ou no decorrer dos semestres e para isso precisam preparar e instruir o corpo pedagógico de maneira que possam atuar com os alunos dentro de suas especificidades, pois a lei é clara quando diz que todo cidadão tem o direito de estudar e estar inserido na escola.

Referente ao investimento docente é importante pontuar que existe um diálogo entre os pares onde várias vertentes podem ser encontradas, logo é válido caminharmos no sentido de realizar o melhor para o desenvolvimento dos alunos e para isso é válido que o professor tenha a formação adequada ou o olhar necessário para identificar as dificuldades, transtornos e deficiências dos alunos e dessa maneira encaminhar o caso para que a coordenação pedagógica tome as providencias e contate os profissionais específicos para cada caso.

 

AC - Qual é a sua definição de educação?

 

AR -A Educação é um processo que precisa considerar o ser humano em sua totalidade, ou seja, em suas varias dimensões: cognitivas, afetivas e sociais. No entanto, para isso acontecer a escola deve ter estabelecido seus critérios e visão para a partir desses aspectos prosseguir com as orientações aos professores em seus planejamentos e atuação em sala de aula, de maneira que possam enxergar seus alunos não apenas como notas, mas tenham a oportunidade de visualizar as habilidades e limitações dos mesmos e assim desenvolver um trabalho em que todos sejam contemplados com uma aprendizagem positiva com oportunidades de acertos e consertos durante a caminhada.

Como disse Rubens Alves: “eu quero desaprender para aprender de novo. Raspar as tintas com que me pintaram.
Desencaixotar emoções, recuperar sentidos”.

 O ato de aprender deve ser construído com motivação e preparar o ser humano para a vida e não apenas para um momento especifico dentro da escola.

 

AC - Em meio a tantas intervenções, análises, suposições e até mesmo exageros, quem educa quem e como?

 

AR -Como sabiamente pontuou Paulo Freire: “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Portanto, o ser humano precisa da interação e socialização com o outro para aprender significativamente e assim temos os diversos papéis e funções das instituições escolares, familiares e sociais.

A criança ao nascer faz o seu primeiro contato com a família e responsáveis, os quais acompanham a primeira fase e aprendizagem desse ser humano que precisa de orientação para lidar com seus deveres dentro de casa. No segundo instante, a criança chega à escola com uma bagagem prévia adquirida no seio familiar e assim acontecem as aprendizagens sistemáticas com a mediação do professor. No terceiro instante é preciso que as orientações também sejam dadas para que esse aprendiz faça suas contribuições no meio social o qual está inserido. 

 

 

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Última atualização em Qui, 06 de Outubro de 2016 18:25  
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