Dinheiro

  • No início da minha vida, eu desprezava as pessoas que tinham ambição pelo dinheiro. Tinha por elas uma opinião menor, achando que havia, na vida, valor maior do que a mera cobiça pecuniária. Por causa disto, nunca lidei bem com dinheiro. Sempre gastei mais do que ganhei e sofria, quando me via devendo. Paradoxo ao vivo e a cores, um sujeito que desprezava o dinheiro e sofria quando devia dinheiro.
  • Mais tarde, ao custo de muito flagelo, descobri o prazer inusitado, de pagar a dívida. Sim, como era bom dever e ter dinheiro para pagar. Ao longo dos anos, cada vez mais maduro e infantil, adquiri a confiança duvidosa de ser, sempre, capaz de dar um jeito, porque nas horas mais dramáticas da dívida, acabei mesmo sempre dando um jeito. Por outro lado é bom dizer que, segundo meu pai, éramos descendentes diretos do Tzar Nicolau III, da Rússia, coisa que ele dizia brincando, e que durante um bom tempo, acreditei.
  • Quando percebi a brincadeira, era tarde, eu já estava acostumado a gostar das coisas boas da vida que… só com dinheiro se tem. Assim fui levando, o dinheiro entrando e saindo, mais saindo do que entrando e eu, aristocrata de araque, gastando e aproveitando. Hoje, quando as luzes começam a apagar, ainda lentamente, uma a uma e sem reposição, finalmente descobri a sabedoria máxima:
  • Dinheiro não é problema, não é problema algum, para mim e para ninguém. O grande problema, o imensurável problema, o dramático e terminal problema, é a falta de dinheiro.
Última atualização em Qua, 17 de Setembro de 2014 17:26  
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