Seg, 19 de Agosto de 2013 10:00
Se eu fosse pintor, meu quadro seria sutil e abrangente, com cores evasivas e lúcidas, com textura opaca e brilhante.
Quem olhar meu quadro verá a si mesmo do modo que gosta de se ver e também verá as obscuridades que gosta de esconder.
Meu quadro seria o livro das revelações fugazes, as figuras desenhando os cordões umbilicais da existência, os contornos revelando matizes jamais vistas nas tropelias do amor.
Meu quadro seria o oposto da arte, um composto de sorte, alegria, azar e melancolia.
Quem olhar meu quadro irá chorar e rir, amar e sofrer, dormir sem sonhar e sonhar sem dormir.
O título do meu quadro seria individual, cada um receberia um sinal para dar-lhe o nome final, a ilusão real, a continuação terminal.
Se eu fosse pintor, meu quadro seria figurativo e representativo, clássico e moderno, expressionista e experimental, natureza viva e morta e quem olhar meu quadro nele verá o buraco sem saída e, também, uma porta.
Última atualização em Seg, 19 de Agosto de 2013 10:06