O perdulário e a balzaquiana


É divina a comédia da paixão entre um perdulário e uma balzaquiana. O perdulário é qualquer um que gasta mais do que tem e a balzaquiana, bem, a balzaquiana é o desejo concreto, permanente e obscuro de todo o perdulário.

Quer, o perdulário, gastar o que não tem, endividar até a quarta geração, para alegrar a balzaquiana que, em troca, não precisa mais que existir.

A balzaquiana, antiga e ex mulher de trinta anos, é a mulher adulta e, embora algumas correntes afirmem que as mulheres nascem adultas, o perdulário é fascinado pela adulta real, a mulher a mais de vinte e cinco.

Não que o perdulário pense que compra suas balzaquianas, não. Ele quer agradar a sua, ainda que ela seja prudente, econômica, pés no chão e realista.

Porque a balzaquiana não escolhe o seu perdulário pelo que ele tem, pelo que ele gasta e pelo que ele pode gastar.  A balzaquiana escolhe o seu perdulário por amor, por intimidade, por compreensão, por tesão e por carinho. Para ser o pai de seus filhos. Para viver o resto da vida com ele.

A maioria dos perdulários acha, ingênuos, que escolheram suas balzaquianas quando, qualquer criança sabe, foram escolhidos por elas.

É fulminante quando o perdulário percebe uma balzaquiana interessada nele, afoga-se na própria vaidade, eleva-se ao píncaro da glória e torna-se apaixonado direto, intransitivamente atira-se e, porque pensa que só assim agrada, coloca-se, corpo, alma e fortuna, de joelhos e ao dispor.

É divina a comédia entre o perdulário e a balzaquiana. Para desfrutá-la basta colocar-se como observador autônomo, imparcial e independente.

É fácil, basta ser Balzac.


Última atualização em Sex, 10 de Maio de 2013 08:14  
Copyright © 2011 Acontece Curitiba. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por LinkWell.