Enxugar as lágrimas não é tarefa fácil, melhor deixá-las correr. Lágrimas que correm refrescam a tristeza, aliviam o abandono, desafogam a alma.
O choro é livre, eu sei, podemos reclamar à vontade, dar uma de bacana e ir chorar escondido, quase sempre no banheiro.
Vergonha das lágrima é vergonha de ser.
Os fracos não choram, se é que existem fracos.
Vi um filme que ainda não decidi se é bom ou ruim, começa com um enigma: O que o pobre tem, que o rico não quer e Deus não liga. Pensar na resposta, o pobre tem isto ou aquilo que o rico não deseja e Deus não liga. Resposta: Nada. Não há nada que o pobre tenha que um rico deseje e que Deus vá dar importância. Nada.
O verdadeiro enigma da Esfinge para Édipo está na premissa e não na proposta:
Decifra-me ou devoro-te, este é o enigma. Decifre a vida ou tua morte será inútil.
Passamos a vida em busca da solução de charadas, a principal é a própria vida. Quem somos, de onde viemos, para onde vamos. Sem pensar na premissa, a vida, saímos em busca de respostas, uma delas é sempre a guerra.
O que é a vida? Não nos compete responder, a vida é Nada, a vida é Tudo, que diferença faz?
O que é o Infinito? Descreva uma cor, explique um barco que afunda, por que existe um barco?
O que é o que é que não tem começo nem fim? O infinito. O que é o infinito? Nada, ou tudo, tudo ou nada, que diferença faz?
Que nossas lágrimas escorram, livres e soltas, e cessem quando assim quiserem, sem nossa influência, sem nosso esforço para contê-las.
Choro de alegria, choro de tristeza, que diferença faz? Apenas choro.
Descreva o vento, a borboleta, o tigre e o fantasma que assombra seus sonhos.
Descreva o amor.
Descreva o tempo, o espaço, a distância e o movimento, cada um de cada vez.
Descreva Deus. Defina a existência.
Explique a falta que alguém me faz.
Decifre ou não a vida, ela vai te devorar.