“Que mundo maravilhoso”. Começando pelo fim deste documentário que já adianto ser uma poesia para quem admira a arte da música e das sonoridades do samba e do jazz. Falar sobre estes ritmos é mergulhar literalmente na cultura africana, digo mais é mergulhar no sentimento que tanto o jazz quanto o samba fazem manifestar.

A frase acima entre aspas foi extraída da música “What a Wonderful World” do cantor, compositor, instrumentista, trompetista, cornetista, saxofonista, escritor, letrista, arranjador, produtor musical, dramaturgo, artista plástico, ator, tenor, maestro e ativista político e social estadunidense, considerado a personificação do jazz, Louis Armstrong. O grande artista citado no documentário refere-se a um mundo maravilhoso que está a sua frente, fato que pode ser relacionado à existência do jazz e do samba, ações diferentes que muito parecem entre si desde o sorriso do sambista ao balanço e ritmo do jazzista.

Com origens semelhantes o jazz e o samba encontram o tom certo para ser descrito através das lentes de Jefferson Mello, diretor e roteirista do documentário, que ofereceu o seu microfone a figuras como Pretinho da Serrinha, Arlindo Cruz, Alcione, Gregg Stafford entre outros que representaram duas significativas cidades: Rio de Janeiro e Nova Orleans berço do samba no Brasil e berço do jazz nos EUA respectivamente.

A cultura negra costura toda desenvoltura de ambos os ritmos de modo ao espectador ter a certeza (isto é para poucos) de que um é a ramificação do outro. Falar de cultura negra sem deixá-la pejorativa é um desafio e apesar do diretor passar por alguns clichês sobre a convivência negra conseguiu extrair de seus entrevistados mais da magia de cada ritmo e sua influência africana do que simplesmente dos percalços que o negro sofre. Apareceu a religião, apareceu a história que não lemos nos livros e também sobrou espaço para aparecer a expressividade que os ritmos produzem no ambiente quando tocados.

Esta expressão vem da força e garra, características africanas, dos que mantém viva a tradição. A apresentação de ambos é envolvente e na tela é possível animar-se com tamanho empenho em prol do sorriso, do espetáculo de que acompanha o cortejo.

“Samba & Jazz” é a expressividade que precisamos assistir e entender sobre a cultura negra, sobre a cultura musical e sobre como somos diferentes e iguais ao mesmo tempo.

Título Original: Samba & Jazz

Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 1 hora e 27 minutos

Data de lançamento: 19 de novembro
Ano de Lançamento: 2015

por Ana Claudia Justino