Lula diz que Brasil ajudará em fundo global se houver acordo em Copenhague

OPENHAGUE - O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, indicou nesta sexta-feira que o Brasil pode participar de forma ativa de um fundo global de financiamento para ajudar países pobres a se adaptarem às mudanças climáticas. "O Brasil está disposto a fazer um sacrifício a mais e colocar dinheiro também para ajudar outros países se nós nos colocarmos de acordo numa proposta final", disse o presidente brasileiro em discurso na 15ª Cúpula da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP15), em Copenhague, sob aplausos.

No pronunciamento, o presidente brasileiro voltou a pedir mais ação dos países desenvolvidos e a defender que eles assumam a maior parte do financiamento e dos cortes de emissões de CO². "Quem tem mais recursos e mais possibilidade deve proteger os mais necessitados", disse.

Lula, no entanto, mostrou-se pessimista com a possibilidade de a Conferência de Copenhague produzir um acordo concreto até o fim desta sexta-feira. "Adoraria sair com um documento mais perfeito, mas se a gente não conseguiu até agora, não sei se algum anjo ou algum sábio descerá desse plenário e colocará na nossa cabeça a inteligência que nos faltou até agora", disse.

No discurso, o presidente brasileiro reafirmou a meta do País de redução de gases do efeito estufa de 36,1% a 38,9% até 2020. Isso significará um gasto, segundo ele, de US$ 166 bilhões, o equivalente a US$ 16 bilhões ao ano.

Durante seu discurso, Lula ressaltou a "posição ousada" do Brasil na luta contra as mudanças climáticas. Ele destacou o desenvolvimento na agroindústria brasileira, o desenvolvimento de fontes de energia limpa no País e o compromisso de reduzir o desmatamento na Amazônia em até 80% até 2020.

Críticas

"Confesso que estou um pouco frustrado", disse o presidente no início de seu pronunciamento, sinalizando a elevação no tom das críticas por conta do impasse nas negociações.

"Tem muita gente querendo barganhar as metas (de redução de emissões de gases estufa). Todos nós poderíamos oferecer um pouco mais se tivéssemos assumido boa vontade nos últimos períodos", disse.

Lula voltou a defender que os países ricos têm responsabilidade maior pela mudança do clima, mas disse que o Brasil está disposto a fazer mais pelo planeta. "O Brasil não veio barganhar, nossas metas não precisam de dinheiro externo, planejamos fazer com nossos recursos", acrescentou.

Falando de improviso, Lula reiterou que qualquer acordo assinado em Copenhague tem de manter os princípios do Protocolo de Kyoto, de 1997, que prevê que as nações industrializadas reduzam suas emissões de gases estufa em 5,2% até 2012. Os EUA não ratificaram o acordo.

Numa aparente referência às exigências de países desenvolvidos de monitorar as emissões de carbono chinesas, intenção a que Pequim resiste, Lula disse que "precisamos tomar muito cuidado com essa intrusão nos países em desenvolvimento e nos mais pobres".

A resistência da China ao monitoramento de suas emissões foi apontada pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, e pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, como um obstáculo para um acordo.

A reunião de Copenhague é a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP15. A Organização das Nações Unidas (ONU) começou a discutir as mudanças climáticas em 1972, em um grande evento em Estocolmo, Suécia. Os encontros se tornaram anuais em 1995, com a COP1, ocorrida em Berlim. A COP16 ocorrerá em dezembro de 2010, na Cidade do México.

 
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