O velho mundo

Dizem que antes as pessoas eram mais unidas.

Família tinha um outro significado.

Eram pessoas dispostas numa mesa.

O pai perguntava:

“Como foi seu dia?”.

Não vivemos esses dias.

Sabemos que eles existiram.

Lá no fundo.

Sabemos tanta coisa sobre o velho mundo...

Não que fosse melhor. Era diferente..

Bom, algumas coisas deviam ser melhores.

Tão distantes do nosso presente.

O tédio também tinha outro sentido.

Não havia o que fazer.

Viver era conversar.

Ler um bom livro.

Depender da luz do sol

e do breu de uma lamparina.

Parece até um mundo inventado.

Essas coisas que inventam

apenas para sentirmos saudades

daquilo que nem vivemos.

O amor ainda não era clichê.

Hollywood não tinha inventado

os romances arrebatadores,

as juras de um desesperado

entregando o coração e flores.

Essas pessoas nem existem mais.

Se perderam na letra de alguma canção.

Parece brincadeira.

Soa a imaginação.

E quão estranho é ouvir uma quimera

e torcer os lábios

com sabor de “quem me dera”.

Passado e presente se perdem em caminhos

e fazem de nós,

tristes de nós do novo mundo,

se possível, ainda mais sozinhos.

Os dias se tornaram mais curtos.

Mais rápidos.

Nem temos mais tempo de viver....

Estamos na era do tanto faz!

Nossa vida é uma manhã de setembro.

E há quem insista em olhar para trás

e dizer com nostalgia inventada:

"Ah, eu me lembro...".

 

 

Diego Gianni

(28/07/2011)

 
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