Aqui se faz aqui se paga

Devido a milhares de pedidos que três leitores tiveram a gentileza de
me passar, volto ao sistema antigo de enviar a crônica diretamente a
você, sem prejuízo do blog, onde elas estarão postadas, juntamente com os demais textos que lá estão e permanecerão.

Porém sou mentalmente cruel e não vou poupar ninguém. Se você pensou
que, agora, estaria livre de ir ao meu blog, prepare-se.

A partir da semana que vem, entra no ar o PSICOPSION, um folhetim que terá um capítulo diário.

Seguindo a antiga fórmula dos folhetins, cada capítulo vai terminar de
um jeito que você ficará louco para saber o que acontecerá em seguida
e, portanto, obrigatoriamente você lerá hoje e mal conseguirá dormir,
esperando por amanhã.

Isto é demais, estou me divertindo com a tua tortura, nunca pensei que
eu fosse assim, tão maquiavelicamente sádico.

É muito bom. Melhor do que isso só um sorvete com duas bolas, uma de
passas ao rum e outra de chocolate. Ah, e uma torneira por perto
porque odeio ficar melecado nos dedos.

Com sorvete.

Hoje é sexta feira, dia próprio para falar de um assunto que muito tem
me incomodado: a água da piscina lá de casa.

Na minha casa tem uma piscina. Já estava lá quando comprei a casa, há séculos. Desde então tem acontecido um evento, repetido, reincidente, permanente e anual.

Eu, é claro, jamais pensei em cuidar pessoalmente da piscina, examinar
o cloro, Ph (é isso?), densidade, peneira, limpeza, nem mesmo o motor
eu ligo.

Por que? Já expliquei, minha filha, não sou homem de execução, sou
homem de organização. Não me peçam para fazer, me peçam para pensar e dizer como é que se faz.

Querer que eu faça é algo parecido como pedir ao cabeça de área que
arme o time, ele não vai conseguir. Ou que o armador seja cabeça de
área, é a mesma coisa.

Desta forma, tem uma pessoa contratada que vai lá em casa duas vezes
por semana para cuidar das entranhas tecnológicas da piscina,
permitindo que a água esteja sempre límpida, bonita e banhável.

Orgulhosamente afirmo que, durante os meses de outono, inverno e
primavera, quando é impossível tomar banho de piscina, salvo se você
gosta de se congelar, o sistema funciona perfeitamente, dá gosto ficar
olhando a água cristalina, brilhando sob os raios de sol ou
encrespadas por pingos da chuva.

Chega o verão e, aí, começa o drama.

Por alguma razão, mal esquenta, sabe aquele dia apetitoso para entrar
na piscina?, a água esverdeia. Esverdeia de um modo absoluto, um verde
escuro, mais escuro do que garrafa, a sensação é de que, a qualquer
momento sairá daquela água um ser gosmento e monstruoso que lá ficou, hibernando.

O mais dramático é que o encarregado de cuidar da minha piscina é o
mesmo há sei lá quantos anos e, todas as vezes, ele me dá uma
explicação técnica, detalhada e profunda:

– Tem que por cloro e ligar o motor, doutor.

– Mas tu não pões o cloro e liga o motor?

– Claro que sim.

– Então...?

E ele me dá um sorriso, diz qualquer coisa e me promete que, para o
fim-de-semana a água vai estar perfeita.

Sucede que, descobri há pouco no Google, a contagem do tempo dos
limpadores de piscina é diferente, eles usam um calendário próprio e
um relógio personalíssimo, daí que o fim de semana que ele fala não
corresponde ao fim de semana normal.

Em suma, como diria o Papa, hoje de manhã havia um cardume nadando na minha piscina, juro. Alguns peixes mal conseguiam afundar, de tão densa e verde está a água.

Imagino que, anualmente, meu tratador de piscina faz experiências
químicas nela, acho que ele sonha em transformar a água numa grande
gelatina, sei lá o que ele pensa, o que ele faz, o que ele deseja.

Meu único consolo, na atual situação, é saber que mal termine o verão,
a água estará novamente clara, límpida, cristalina, ótima para um
banho gelado ao sopro do Minuano!

Por que estas coisas acontecem comigo? Por que?

Por causa disto sou assim cruel. E como não posso esfaquear, dar seis
tiros na cabeça, esquartejar e incinerar meu querido tratador de
piscinas, me vingo como posso, obrigando você a ler meu blog todos os
dias, para saber a continuação da história.

Talvez este seja o fim de semana adequado à cronologia do tratador de
piscina. Se for, minha água estará limpa e tratada e, no momento de
maior calor do domingo de tarde, estarei dentro dela, tomando um
drinque – cerveja gelada é claro, e comendo uma carne.

Mas para você será tarde demais. Estás agora, meu filho, sob a
maldição do meu folhetim.

Paulo Wainberg

Amigos,Paulo é primo do meu querido amigo Marcos Wainberg que voces já conhecem do Zorra Total.

Paulo nos permitiu postar seus textos aqui no site portanto  a partir de hoje voces vão poder se divertir com suas cronicas.

Ele também escreve no www.bloglog.com.br na página do Marcos junto com o Diego Gianni.

Além disso em março ele estará em Curitiba fazendo uma palestra sobre seu livro Unhas...aguardem !

 
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