Amor Próprio

Não permita, Deus, que eu seja indiferente.

E acredite, quando faço tal pedido, já carrego comigo uma dose enorme de indiferença, pois não acredito que esteja me ouvindo. Minha visão sobre ti está sobrecarregada de dogmas e conceitos que me foram empurrados goela abaixo. Se em minha mente o próprio som do seu nome é algo fantasioso, como eu poderia fazer qualquer tipo de pedido?

Se ainda pronuncio teu nome, acredite, nada tem a ver com remissão pelos meus pecados, pois minha própria visão do que é certo e errado também me foi passada por meio de livros e sermões amplamente decorados.

Por isso, quando penso em seu nome, quero acreditar que está ao alcance das minhas mãos. A fé que anseio por fortalecer nasce unicamente do meu desejo de não ser indiferente às dores deste mundo...Porque se eu deixar de me importar, nada mais fará sentido.

Não há nada de original em colocar em dúvida sua existência, tampouco agarrar-se cegamente nela. Confesso que neste sentido gostaria de ser cego, para seguir minha vida sem questionar certas coisas.

Não permita que minha vida seja uma sucessão daqueles dias em que não me importo. Dias sombrios em que a esperança foi sepultada em algum lugar sem meu conhecimento. Não permita que meus sonhos envolvam apenas bens materiais e status social, pois nessa trilha a cegueira não me seria bem vinda.

Que eu não deixe de acreditar em certas mentiras, pois a simples perspectiva delas serem verdadeiras coloca alegria neste meu coração jovem e cansado.

Não há um dia que passe sem que eu me sinta como quem viaja numa montanha russa. Sinto dores emocionais todos os dias, e agradeço por isso. Elas me lembram de que ainda me importo.

Se a vida é uma estrada pela qual todos caminhamos, não peço que minha viagem não tenha turbulências, nem peço que me diga qual é o caminho mais seguro.

Tudo o que desejo é ter a paz de espírito para aproveitar a caminhada. Cada légua, cada passo. Que eu não vá sozinho, que eu não me sinta sozinho. Que eu possa enxergar a parte dessa estrada destinada à felicidade. Quantos de nós passamos reto por ela sem nos darmos conta?

Que lá no final eu possa olhar para trás e concluir que é, valeu a pena.

E depois, quem sabe.

 

 

Diego Gianni

(06/05/2011) 
 
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