Jeripoca

Fiquei encafifado com aquela música que diz que "hoje a jiripoca vai piar". E fui pesquisar se a jiripoca realmente pia.

- NOMES VULGARES:jiripoca; jerepoca; jurupoca -

 

- NOME CIENTÍFICO:Hemisorubim platyrhychos –

Muito apreciada na região do Pantanal, a jiripoca é pescada principalmente nas margens dos rios pantaneiros. A jiripoca costuma ficar na superfície, e ao expelir a água de sua boca, faz com que este som seja o tipo de um pio.

Porém, é muito difícil ver a jiripoca piar, porque ela é muito arisca e se camufla bem entre as vegetações dos rios.

Ok. Pra mim a palavra chave desta infausta descrição é “pescada” (devidamente sublinhada), porque teoricamente mostra que a jiripoca é um peixe. Sim, um peixe. Um peixe que pia, de certa forma.

Não contente, fui tentar achar alguma imagem de uma jiripoca. Além de encontrar, encontrei outros milhares de pessoas que também já tinham ido pesquisar se as jiripocas de fato piam, o que prova que há uma infinidade de pessoas que não tem muito que fazer nesta vida.

Prosseguindo esta interessantíssima pesquisa, resolvi viajar até as regiões pantaneiras do Mato Grosso e ouvir de perto o pio da jiripoca.

Foi uma decepção. Não encontrei jiripoca alguma, tampouco alguma que piasse. Em razão disso, fui estudar a letra da música por completo, na esperança de que nela houvesse alguma pista que poderia clarear minha mente:

Hoje a Jiripoca vai "piá", vai
Vai "piá" a noite inteira ai, ai
Hoje eu quero enxugar
Vou tomar muita cerveja
Hoje eu quero arrepiar
Hoje a Jiripoca vai "piá", vai
Vai balançar o pé da roseira ai, ai
Hoje eu "tô" com dó de mim
"Caba" não "caba" sim tô "facim", "facim"
Quando eu entrar no forró
A poeira vai subir, sanfoneiro vai gritar
Coqueiro que não balança
Até vai balançar
As mocinhas pelos cantos vão começar a dançar
O forró bem manhosinho, grudadinho é bom demais
Eu que não sou nada bobo puxo logo uma pra trás
Enquanto tiver suor e ele não virar pó
Pode amanhecer o dia não arredo pé do forró

Foi mais uma decepção. A letra fala de forró, de cerveja, de mulher, de sanfoneiro e de alguém que está “facim”, “facim”...mas não consegui estabelecer nenhuma relação plausível sobre esses detalhes e o pio de uma jiripoca, a não ser, é claro, que jiripoca signifique alguma outra coisa, talvez o mesmo sentido da cruel expressão de “afogar o ganso”, já que até que se prove o contrário, o pobre ganso não fez mal para ninguém.

Há também mais um detalhe que me chama a atenção na letra:

Coqueiro que não balança
Até vai balançar

É impressão minha ou algum tipo de fenômeno inexplicável acontece na situação descrita por essa letra? As jiripocas piam e coqueiros, que até então nunca balançaram, de repente balançam! Assim, sem mais nem menos.

A não ser que...bom, é só um palpite, mas no começo da letra, o autor deixa bem claro que o personagem principal (o que está “facim”, “facim”) bebe muita cerveja quando a festa está começando e...bem, dependendo do quanto ele bebeu, talvez explique porque os coqueiros começaram a balançar, as jiripocas fazendo piu piu e tudo o mais. Apesar deque, aparentemente, as jiripocas piam mesmo e...

Ah, sei lá. Esse papo já me encheu. Não quero ouvir mais nenhum pio. Amanhã tenho que acordar cedo e investigar seriamente porque aquela moça não quer mais brincar de adoleta e porque aquele crápula bate, bate nela feito maionese.

Diego Gianni

 
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