Exclusivo entrevista:Adriana Calcanhotto

Chegando ao fim da trilogia sobre o mar, Adriana Calcanhotto irá apresentar ao público o show do álbum “Margem” lançado em junho deste ano. Em Curitiba, o show acontece dia 24 de agosto, sábado, às 21h, no Teatro Guaíra. O cenário é feito por Gigi Barreto e desenho de luz por Ivan Marques e Gabriel Santucci.

No palco, a banda que a acompanha é formada pelos mesmos músicos que tocaram e coproduziram com ela o seu mais recente trabalho de estúdio. Rafael Rocha (mpc, bateria, percussão, handsonic, assovio), Bruno Di Lullo (baixo e synth) e Bem Gil (guitarra e synth), os dois últimos estiveram com Calcanhotto na turnê A Mulher do Pau Brasil que rodou o Brasil no segundo semestre de 2018.

Conversamos com a artista e ela nos contou como foi o seu processo marítimo que duraram 21 anos.

AC – Ao finalizar a trilogia qual é a sua visão sobre o que leve em relação ao que considera ideal diante da música?

ADC- Não é possível não fazer um balanço, não pensar nas questões durante todo esse tempo, nas questões exatamente da música do ideal, como você fala, diante da música. Nesta trajetória que teve tantas coisas interligadas com a própria trilogia, eu vejo uma evolução no sentido da clareza na musicalidade, nas letras, nos poemas escolhidos e tudo. Olho para trás, vejo isso, e fico bem contente.

AC – Por que o mar, como surgiu este estalo e referência do mar?

ADC – A referência do mar é bastante antiga na minha vida. Não é um estalo, ao contrário, é uma coisa que eu fui me dando conta de como o mar e a presença física era importante pra mim.

Eu escolhi morar no Rio de Janeiro não só por isso, mas foi um componente importante estar perto do mar.

Eu fui investigando isso na minha vida com mais profundidade e comecei a adentrar o mundo da literatura de mar e aí sim entendi melhor essa relação com o mar, e entendi que queria trabalhar com isso: ler os livros; reler Moby Dick; enfim uma série de coisas.

Do primeiro disco para o terceiro  o que foi ficando foi mais explícito pra mim essa minha relação, e fui entendendo melhor e procurando mais coisas, descobrindo mais autores, descobrindo mais citações de poemas mais artigos dentro de obras mais novas desse cânone marítimo.

AC – O trabalho se encerrou da maneira como imaginou? Na sua apresentação está que a trilogia encerrou, mas o assunto não. Ainda considera trabalhar mais o assunto em outro momento?

ACD – Engraçado que eu não sei se a trilogia se encerra da maneira como eu imaginei, porque eu nunca imaginei o final. Eu mais até imaginei uma trilogia incompleta, mas misterioso que as pessoas podiam cada uma imaginar o seu final de trilogia. Eu não tinha certeza que eu ia terminar e terminou, eu acho, como tinha que terminar, mas eu não tinha um objetivo, um projeto.

Quando eu falo que a trilogia encerrou, mas o assunto não, na verdade eu não estou dizendo que eu vou fazer, mas estou dizendo que não é impossível que eu faça exatamente, porque depois de cada disco teve o show – Agora estou ligada no show – E mexer com todas essas canções dos outros dois discos mais esse agora, o “Margem”, misturando elas e tudo, eu sinto mais força que não é impossível que eu volte ao assunto, mas é cedo para dizer, eu ainda nem estreei.

AC – Um dos nossos grandes desafios é cuidar do meio ambiente, falar do mar é falar de continuidade. Como foi aplicar a sua arte a uma ação para gerar resultado em prol da natureza e sua preservação?

ACD – Bom, aplicar a arte numa ação concreta, das pessoas literalmente retirarem plástico de dentro do mar a partir de uma ação que é feita a partir de uma canção… Eu estudo muito e admiro muito o alcance das canções, o poder das canções, mas isso eu confesso que me surpreendeu muito positivamente. Não tinha imaginado concretamente que uma canção que eu fiz, de voz e violão, sozinha no meu quarto, pudesse retirar plástico do mar. Isso é um sonho.

O Acontece Curitiba agradece,Adriana. Sucesso sempre!!

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