Capital Inicial_Acústico 20 anos

Em meio a um mês de março sem precedentes na história da humanidade, são completos hoje 20 anos do último momento de protagonismo do rock no Brasil: o Acústico MTV do Capital Inicial. A banda celebra a efeméride com o lançamento da Tour Acústico 2.0 que passará por 20 cidades brasileiras a partir de agosto deste ano.

Capital Inicial Acústico MTV vendeu 2 milhões de cópias e mais o dobro estimado em CDs piratas. Serviu de combustível para o surgimento de uma nova leva de artistas roqueiros. Mais que isso: foi a última vez em que o rock teve influência cultural que transcendeu o gênero – basta checar a estética e sonoridade posteriores em ondas como sertanejo universitário.

Daí a importância em se celebrar a data com formato devidamente renovado e em consonância com o que aconteceu no mundo nesse intervalo de duas décadas que separa os trabalhos.

Na nova turnê, o grupo apresentará o repertório do primeiro registro, com a inclusão de Noite e DiaNão Sei Porque, e uma música inédita. Mas a novidade não reside (só) no setlist.

A concepção visual do novo show está nas mãos do artista Batman Zavareze. Sob conceito que o vocalista Dinho Ouro Preto descreve como “inacreditável de se ver”, que mescla cenário circular, grafismos, projeções multi-telas e imersões.

O desenho do cenógrafo é inteiramente baseado no DNA da banda, fala do passar do tempo, do ying-yang, da vida e suas antíteses, e projeta o cenário para fora do palco, na esperança de criar uma experiência totalmente inovadora para a plateia, que no caso do Capital é extremamente interativa.

“Claro que o som é o que mais importa para o público, só que estamos dando grande importância para esse lado visual, pois tudo em que Batman se envolveu é de beleza rara, singular”, diz Dinho sobre o artista que capitaneou o Maracanã na Olimpíada 2016, e o palco da volta dos Tribalistas.

Daquele acústico de 2000, 6 faixas entraram entre as mais tocadas do país – Tudo que Vai, Natasha, Primeiros Erros, Cai a Noite, Independência e Fogo.

“O repertório foi extremamente feliz. Aponta desde os primórdios, quando o Flávio (Lemos, baixista), Renato Russo (vocalista) e eu tínhamos o Aborto Elétrico (entre 1978 e 82), com ‘Veraneio Vascaína’, ‘Fátima’ e ‘Música Urbana’, passando pelas principais músicas dos primeiros 15 anos de Capital até que outras, como ‘Natasha’, sinalizaram o futuro da banda”, diz o baterista Fê Lemos.

Tudo serviu para colocar Kiko Zambianchi (autor de “Primeiros Erros”) e o produtor Marcelo Sussekind em destaque. Desta vez, nem Kiko nem Sussekind participam.

“À medida em que o planejamento avançou, as mudanças sugeriram algo realmente novo. O (Marcelo) Sussekind fez escola com aquela produção, aquela sonoridade. Agora a missão caiu no colo do Liminha”, diz Dinho sobre o produtor da vez.

No lugar de Kiko, o show terá participação de grande violonista convidado surpresa.

As duas ocasiões separam igualmente dois mundos na forma como a banda se relacionam com fãs.

À época, isso ficou explícito na apresentação do Capital no Rock in Rio 3, em janeiro de 2001. O horário do show da banda concentrou o maior público do festival desde então, 250 mil pessoas. “Estávamos na turnê acústica, tocando sentados. Ali voltamos a tocar de pé e a partir desse show virou um sucesso sem precedentes”, afirma Dinho. “Foi quando a ficha caiu.”

Corte para 2020 e temos a banda somando 10 milhões de fãs entre as cinco principais redes sociais e plataformas de streaming. Uma média invejável de 80 shows por ano e números que só crescem. O que acontecerá daqui para frente, somente os deuses podem dizer.

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